quinta-feira, 19 de março de 2009

Teatro e Educação


Questões possíveis para os projectos de intervenção

Em Portugal e também a nível internacional, os homens da educação falavam da relação do teatro com a escola na perspectiva da abertura de espaços de jogo ou da introdução de novas metodologias para ajudar as diferentes aprendizagens, enquanto que os homens do teatro só ultrapassavam a sua desconfiança face a esta perspectiva utilitarista do teatro na escola quando, também utilitariamente a assumiam no sentido de que ela permitiria formar público para o teatro. A articulação entre teatro e educação era quase sempre colocada numa perspectiva interesseira, corporativa e fechada. Hoje as análises já não se fazem numa só direcção, seja do teatro ou da educação, começando a questionar-se as interferências, a forma como estas duas realidades podem aproveitar e aproveitar-se da abertura de novos espaços da acção e de novas propostas de exploração e até à pouco tempo os discursos eram sempre feitos tendo como referência uma visão parcelar ou unilateral da realidade, parece agora que a questão começa a ser colocada não só na perspectiva ou da escola ou do teatro, mas tendo em conta uma terceira realidade – mestiça – que irá emergir do casamento entre o teatro e a escola.

Afirmar o Teatro como um espaço que questiona e cria pontes entre diferentes saberes e realidades

O Teatro liga, cria partes, quebra o isolamento, faz com que os professores trabalhem em grupo e, porque trabalha sobre a vida não pode ser disciplinas, pois as disciplinas misturam-se naturalmente no seu interior e os campos de intervenção de cada um não podem ter fronteiras rígidas e fechadas, desafiando, há arriscar-se e afrontar o desequilíbrio, imprevisto, em insegurança, pois ao insistirmos mais sobre o processo e experimentação trazemos para a sala de aula e a escola “ A paixão e o mistério, A capacidade e a fantasia, A prospectiva e a utopia.”

O que é que o Teatro nos traz de essencial que mais nenhuma manifestação artística nos dá?

O Teatro como momento de comunhão entre actores e espectadores dá-nos a possibilidade de reencontrar o sentido do ritual e do cerimonial que as sociedades contemporâneas têm vindo a perder e que é fundamental para a sobrevivência do ser humano. O espectáculo de Teatro dá-nos a possibilidade de nos confrontarmos com outras situações vividas e contadas por pessoas que sentimos respirar e que estão connosco. Isto permite deixarmo-nos levar por uma empatia e por uma magia igual à dos antigos contadores de histórias que reuniam toda uma comunidade à sua volta. O Teatro, ao permitir banharmo-nos no banho da ficção, dá-nos força para que cada um de nós seja capaz de criar a sua ficção e esta capacidade de fazer ficção é fundamental para inventar uma outra realidade, inventar o futuro.

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